"INFINITO É O TEMPO DA ESPERA!

INESQUECIVEL E O MOMENTO DA CHEGADA!"

 

DAVI

POR OBRA DE LUCIANA PIMENTEL E DOUGLAS

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Dia 11/06/2019 foi o dia em que nosso pequeno Davi escolheu para vir ao mundo. Foi um dia especial, esperado e pelo qual tínhamos muitas expectativas por conta dos eventos importantes que aconteceram durante a gravidez. 
 
Tudo seguia bem normal e tranquilo até que descobrimos, por volta de 24 semanas, que Davi estava com crescimento restrito.  
No início foi bem angustiante porque não existia motivo aparente para esse diagnóstico e o prognóstico envolvia a possibilidade de antecipação do parto, parto prematuro e complicações diversas. 
 
Seguimos fazendo acompanhamento semanal para avaliação da vitalidade da placenta e do bebê. Foram quatro meses nessa rotina. 
 
Toda terça-feira eu acordava um pouco apreensiva até realizar os exames e constatar que continuava tudo bem e a gravidez poderia ser mantida por mais uma semana. 
 
Essa situação me fez perceber, mais uma vez, que não estamos no controle de nada e para ficarmos bem é preciso viver a entrega e colocar energia apenas naquilo que podemos mudar. 
 
Assim, parei de pesquisar no Google possíveis explicações e desfechos, que me deixavam ainda mais angustiada, e passei a dedicar esforços na dieta hiperproteica, nos exercícios físicos para gestante, na meditação e nas orações. Dia após dia fui me sentindo mais confiante e otimista de que o melhor estava preparado para nós. 
 
Diante de todos os desfechos possíveis posso dizer que o melhor aconteceu. 

Davi pode escolher o dia de vir ao mundo: uma terça-feira chuvosa e fria. Acordei sentindo uma cólica leve enquanto me arrumava para aquela que seria minha última consulta pré-natal. Ao ser avaliada pela obstetra descobrimos que eu já estava com 4cm de dilatação e, em comum acordo, foi realizado o procedimento de descolamento de membrana para auxiliar na evolução do trabalho de parto. Saí da clínica sentindo que era a última vez ali com meu bebê no ventre.  
Cheguei em casa por volta das 10:00, quando as contrações doloridas (grau médio) começaram. Rapidamente avisei à enfermeira obstetra, que me encontrou às 12:30. As contrações já estavam ritmadas, durando cerca de 1 minuto, com intervalo de 2 a 3 minutos. As dores estavam tão intensas que eu suava frio e, às vezes, tinha a sensação de desmaio.  
Sinceramente não me lembrava mais dessa dor que nos desconecta de tudo que está fora e nos leva a um lugar inexplicável, desconhecido, que nos conecta com o “eu selvagem”, onde não exercemos nenhum controle.  
Nesses momentos eu simplesmente fecho os olhos, respiro, sinto a dor, deixo ela ir até onde precisa, mentalizo o mantra “Davi está chegando, venha filho”. Fico totalmente imersa na partolândia, nada mais importa, somente trazer meu filho ao mundo.  
A enfermeira estava ali do lado fazendo seu trabalho, verificou os 5cm de dilatação, bolsa íntegra e batimentos cardiofetais reduzindo durante as contrações. Acendeu o sinal de alerta para possível sofrimento fetal.  
Respirei e entreguei mais uma vez, o desejo de trazer meu filho ao mundo de forma natural continuava sendo o foco dos meus pensamentos.  
Decidimos que o melhor era ir para a maternidade imediatamente. O marido chegou do trabalho, arrumou suas roupas rapidamente e chegamos ao Hospital Aliança às 13:30.  
O nível do dor só aumentava e as contrações efetivas prosseguiam acelerando o trabalho de parto. Não teve chuveiro quente, nem deu tempo de usar a bola de pilates, fazer os exercícios de decida, colocar a playlist selecionada... 


Cheguei no quarto da maternidade com 8cm de dilatação, o exame de cardiotocografia confirmou a alteração nos batimentos de Davi, que parecia sofrer a cada contração, cuja duração já passava de 1 minuto e os intervalos eram de menos de 2 minutos. 
 
Decidimos ir para sala de parto e fazer analgesia para aliviar a tensão pra mim e para Davi. 
 
Já estava com quase 10cm de dilatação, a bolsa rompeu e revelou líquido transparente, sem mecônio. Era o sinal que precisávamos para prosseguir com o parto normal com tranquilidade.  
Nem deu tempo de sentir o alívio que a analgesia traz e já começou a fase expulsiva, que durou cerca de 30 minutos. Às 15:16 meu pequeno menino chegou a este mundo pesando 2.728kg e medindo 47,5 cm depois de 5 horas de trabalho de parto.  
Davi estava na posição OS e com circular de cordão (com cordão curto) o que explicou a redução dos batimentos cardíacos durante as contrações.  
De repente senti uma sensação de paz inexplicável, ter meu menininho chorando deitado no meu peito deu sentido a tudo que vivi, desde a confirmação da gravidez até a chegada desse tão esperado momento.  
Após um trabalho de parto intenso e rápido senti uma gratidão e felicidade enormes. Vivi um parto lindo e respeitoso ao lado de pessoas incríveis, às quais agradeço imensamente: 
Meu esposo
@douglasblemos, minha mãe Lúcia, a médica obstetra @ludmila_fetoeafeto e a enfermeira @carla.fernandes.enfaobstetra.  
Agradeço também a todas as pessoas e profissionais queridos que estiveram me apoiando e cuidando de nós desde a gravidez.  
Se eu pudesse resumir essa história em uma única palavra ela seria: “conexão”. Sem dúvidas esse “final feliz” só foi possível porque aprendi a me conectar comigo mesma e com meu bebê. Eu me senti segura e tranquila todo o tempo, mesmo diante das adversidades. Eu escutei uma vozinha que vinha de dentro dizendo “vai dar tudo certo”, “siga firme”. E eu obedeci essa voz
😅  
E finalizo repetindo uma frase do meu primeiro relato de parto: “Para quem diz que ter filho de parto normal é muita DOR para ser sentida eu digo que é muito AMOR para não ser vivido”.