"INFINITO É O TEMPO DA ESPERA!

INESQUECIVEL E O MOMENTO DA CHEGADA!"

 

EDUARDO E MONICA

POR OBRA DE MARIA EMILIA ANDRADE

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37 semanas e 3 dias de muita emoção!!!

 

Era cinco da manhã do dia 15 de abril, sábado, quando senti uma pontada forte na barriga e fui ao banheiro com vontade de fazer número dois. Fiz tranquilamente já que meu intestino estava funcionando muito bem!! rs 

Em 37 semanas de gestação não havia saído um filete de sangue sequer, mas para minha surpresa ao me enxugar lá estava ele, meio aquoso, achei estranho assim como a calcinha estar meio úmida mas achei que era impressão minha e então troquei de calcinha e voltei para cama. Quando recostei para voltar a dormir (sim só conseguia dormir recostada com um barrigão de 37 semanas de gêmeos..rs) rios começaram a descer e percebi que minha bolsa havia rompido, estava rota. Não é nada como os filmes e as novelas descrevem mas, também não há como ter dúvida quando a bolsa estar rota, é muita água, muita!!

Graças a Deus o líquido era clarinho...e assim começava meu trabalho de parto.

Gritei meu marido que estava dormindo e chamei minha mãe que já havia chegado aqui na minha cidade há três dias. Tínhamos que nos preparar, nossos babies estavam chegando!!

Liguei para minha enfermeira, Carla, e minha obstetra, Dra. Lud,  para começarem a se preparar. E Carla vir para minha casa já que no início do trabalho de parto ficaria em casa até quando pudesse...

Minhas contrações no inicio eram fugazes até chegar aos quatro centímetros de dilatação por isso fizemos vários exercícios: fiquei na bola suíssa, recebi massagens, chás de canela e apoio de meus amores, meu marido, meus pais, e de Carla com todo seu carinho e amor pelo que faz me passou toda a tranquilidade e segurança que precisava para seguir adiante contração por contração.  Quando chegamos aos 4 cm de dilatação, lá para as onze da manhã Dra. Lud achou melhor irmos para maternidade para garantir a vaga na UTI neonatal caso os babies precisassem.

Quando cheguei no hospital, na triagem minha pressão que até então estava normal começou apresentar alterações chegando a 14/9. De todos os cuidados que eu tive o que mas temia era o aumento da pressão, mas não poderia ser nada demais já que havia acabado de chegar no hospital e mudado de ambiente, poderia ser absolutamente normal. 

Seguimos para o quarto, nessa altura as contrações começaram a vir com mais frequência e cada vez mais fortes, o tampão mucoso começou sair desde as onze da manhã e cada vez sentia meu corpo se abrir e desabrochar para que meus babies pudessem vir.

De frio comecei a sentir calor, de breves conversas passei a concentração absoluta sobre cada nervo do meu corpo para que as contrações acontecessem e eu dilatasse cada vez mais, e de falas para sons guturais a cada contração. Andei, cantei, alonguei o quadril para que Eduardo descesse e empurrasse cada vez mais o colo. Nada como todo apoio que tive de meu marido, Carla, meus pais, Dra. Lud, todos ali acompanhando cada centímetro de evolução desse momento que mudou completamente a minha vida.

Não vou esquecer quando fui ao banheiro as contrações pareciam que iam me rasgar, e eu pensava o que fui fazer? Nossa! Dói mesmo! Dói muito, mas como toda dor com propósito eu pensava tantas mulheres conseguiram, minha gata pariu cinco filhotinhos, eu conseguirei também, é só deixar meu corpo fluir e entrar nessa vibe que tudo acontecerá naturalmente.
Mas minha pressão subia cada contração e por isso fizemos exames de sangue e de urina par saber como estavam as taxas.
Chegamos a 7 cm de dilatação. Nesse momento apesar de Dra. Lud tentar disfarçar e ter conversado com meus pais e Jonas, meu marido. já sabia que minha pressão estava muito alta,18/10, Carla sugeriu que sentasse no vaso que ajudaria na dilatação para acelerarmos o parto, nessa hora sabia que fosse o que fosse acontecer estaria nas mãos de Deus e cantei a musica Deus fiel de Diante do Trono em cada contração, a primeira música que ouvimos, eu e meu esposo, após nos casarmos, na saída da nave. 
Nesse momento soube que o parto normal não poderia acontecer se minha pressão continuasse a subir, que já começava a correr riscos, ver a aflição na face de minha mãe, meu pai nem ficou por perto de tão nervoso que estava. Jonas, companheirão, me disse, estou aqui. Mas queria viver os planos de Deus para minha vida e neles estava João Eduardo e Mônica Yasmin nascerem bem e a mãe deles estar bem para cuidar deles.
Foi quando minha médica olhou para mim e disse, eu quero que você seja feliz e nenhum momento se frustre por conta do parto normal. Nunca vou esquecer esse momento, ser feliz...seria ponderar a preparação de uma vida toda de sonho com o parto normal, do preparo físico e emocional de saber que sou capaz de encarar esse momento. Confesso que sentia o esgotar das minhas forças e que achava que não ia dar conta até porque estava com fome e já passavam das 16h e minha última refeição tinha sido o café da manhã, até então estava sendo sustentada por sachês de mel e água de coco. Mas algo o que não podia esquecer nenhum momento e foi tantas vezes conversado, eu e minha obstetra, no consultório e nas rodas de conversas é que a maternidade era mais importante do que o parto, o resultado mais importante que o parto em si.
Escolher a cesárea naquele momento foi como um tábua de salvação e hoje não consigo dizer se o mal estar que sentia era só em decorrência do parto ou também do aumento da pressão.
Minha médica poderia ter decidido sozinha, mas me colocou, nos colocou como personagens principais dessa escolha e foi aí que eu comecei a perceber o que seria um parto humanizado que idealizei todos esses anos.
Quando decidi que faríamos cesárea foi tudo muito rápido. A equipe foi de um primor. Não posso esquecer a delicadeza e cuidado do anestesista e as neonatologistas que aguardavam meus babies. E Dra. Lidia que veio para dar apoio a Dra. Ludmila. Carla ficou lá fora com minha mãe dando suporte nesse momento de pura emoção. Tirou várias fotos históricas.
Quando o parto iniciou não havia nenhum cortinado e ouvir o choro de Eduardo quando ele nasceu foi absolutamente surreal, o pai não aguentava de emoção, comecei a chorar junto com eles e sentir a sua mãozinha no meu rosto foi a certeza de que ele era meu e eu dele, cheirar sua cabecinha cheia de sebinho, foi algo inacreditável. Mônica que estava cefálica quando Eduardo nasceu, ficou transversa. A bolsa dela foi estourada e ouvi o chorinho dela foi grandioso, bem como seu cheirinho, ela chorava e ao ouvir minha voz, "Mônica, é a mamãe, meu amor" ela parou de chorar, nunca vou esquecer dessa conexão que renasceu nesse dia que eu, Eduardo e Mônica nascemos.
Sentir meus filhos perto de mim pela primeira vez me fez me sentir absolutamente completa, plena! Os dois foram colocados no peito de imediato, sentir, mesmo meu corpo anestesiado, a sucção deles foi de uma felicidade imensa! Fez-me ver como o mundo é imenso e simples e como a vida nos oferta tudo para sermos felizes!
Meu parto e tudo que ocorreu me encheu de gratidão e esperança. Gratidão por Deus ter colocado as pessoas certas na minha vida que me deram todo suporte emocional e profissional para vivenciar esse momento lindo. Pela minha família, meu marido, meus pais, meus sogros que no seu amor estavam presentes para dar todo apoio. E esperança de que há pessoas empenhadas no trabalho voltado ao ser humano, que na sua profissão se comprometeram a priorizar o humano com muito amor e dedicação!    
Agradeço a Deus pela minha família por tê-los por perto em um momento tão mágico e profundo e pela vida de Carla e Ludmilla, por elas fazerem parte desse dia que mudou pra sempre minha vida!
A minha vivência me mostrou que o parto humanizado está fundamentalmente na possibilidade de fazer a escolha sob seu corpo e receber toda a assistência e apoio necessários para exercer plenamente essa escolha, não importando qual tipo de parto. E que não se deve de forma alguma superdimensionar o parto em si, ele é o meio para um fim, e este fim é a maternidade. A sociedade muito exige na maternidade, as pessoas cobram e a gente se cobra também, e portanto muito se espera e essa imensa expectativa tem grandes chances de virar grande frustração. 
Falei para uma amiga minha que não conseguiu amamentar que a maternidade é isso mesmo e que ela não deveria se deixar frustrar, nem ficar triste, nem se achar menos mãe e curtir a filhota. Não temos controle de tudo e isso não deve ser motivo para sequer diminuirmos uma medida de nossa felicidade de viver esse momento lindo, maravilhoso! 
Por isso, mesmo meus babies não terem saído pelas vias ordinárias, não posso nem sequer me entristecer por achar que não vivenciei o parto normal porque vivenciei as minhas escolhas em cada momento, se isso passa na minha mente é por um fugaz momento que se dissipa quando contemplo os dois pares de olhos e os sorrisos mais lindos do mundo!
Por mais que nos preparemos e isso deve ser feito, o parto é o agora, é esse agora que impõe as sua escolhas. Por isso lhe faço um convite, se permita viver o seu agora, se prepare para ele através do conhecimento do seu corpo e da sua mente, mas não se exija muito e quando ele vier, deixe ele acontecer naturalmente, deixe ele fluir e seja plenamente feliz com cada pedacinho do seu momento que certamente foi escolhido e recheado de muito amor! Independente das escolhas e das intervenções necessárias naquele dia, você nascerá de novo!